sábado, 27 de agosto de 2011

FÉ,PRÁTICA E ESTUDO - ADMISSÃO


Fé, prática e estudo

Edição 515 - Publicado em 16/Julho/2011 - Página 56

Princípios básicos e personagens do Budismo

“Se carecer de qualquer um desses três itens, o exercício budista deixará de ser uma prática correta”
A prática do Budismo Nitiren, que visa à transformação da própria vida, é embasada no exercício da fé, da prática e do estudo.
“Fé” corresponde a abraçar e a acreditar no Budismo Nitiren, na verdadeira Lei dos Últimos Dias, em especial no supremo objeto de devoção, o Gohonzon. Essa “fé” é o ponto de partida e de chegada do exercício budista.
O segundo item, “prática”, indica a ação concreta visando à transformação da vida, a aplicação dos ensinamentos budistas na vida diária.
Por fim, o “estudo” é a busca pelos ensinos budistas de forma a obter uma diretriz para a correta prática da fé, apoiando a “prática” e fortalecendo ainda mais a “fé”.
Se carecer de qualquer um desses três itens, o exercício budista deixará de ser uma prática correta.
Na seguinte frase do escrito “O Verdadeiro Aspecto de Todos os Fenômenos”, Nitiren Daishonin elucida sobre este princípio: “Creia no Gohonzon, o supremo objeto de devoção de todo o Jambudvipa. Fortaleça ainda mais sua fé e receba a proteção dos
budas Sakyamuni, Muitos Tesouros e das dez direções. Exerça-se nos dois caminhos da prática e do estudo. Sem eles, não pode haver Budismo. Deve não somente perseverar em sua fé, mas também ensinar aos outros. Tanto a prática como o estudo surgem da fé. Ensine aos outros com o melhor de sua habilidade, mesmo que seja uma única sentença ou frase” (END, v. 5, p. 256).

1. Fé


A “fé” significa “acreditar e abraçar”, isto é, acreditar e abraçar os ensinos do Buda. A fé é o único caminho para ingressar na condição de vida do Buda.
O terceiro capítulo do Sutra de Lótus, “Parábolas”, prega que Shariputra (ou Sharihotsu), o mais sábio dos discípulos de Sakyamuni, só conseguiu incorporar os princípios contidos no Sutra de Lótus por meio da fé. Trata-se do princípio de “ingressar unicamente por meio da fé” (ishin tokunyu).
Para se evidenciar na própria vida a extraordinária sabedoria e a condição de um buda que descobriu o verdadeiro aspecto da vida e do universo, não há outro meio senão a fé. Ao abraçar os ensinos do Buda com fé, pode-se compreender a veracidade dos princípios da vida expostos no Budismo.
Nitiren Daishonin compreendeu com a pró­pria vida a Lei fundamental do Universo, o Nam-myoho-rengue-kyo, e a materializou na forma de Gohonzon.
O ponto fundamental da prática do Budismo Nitiren está em acreditar profundamente que esse Gohonzon é o único objeto capaz de fazer manifestar a condição de Buda em nossa vida.
Quando nos dedicamos intensamente na recitação do Daimoku com fé no Gohonzon, podemos manifestar a condição de Buda inerente.

2. Prática


A “prática” corresponde à ação com base na fé no Gohonzon.
O Budismo explica que as funções do Buda estão originariamente inerentes, ou seja, são próprias da vida do ser humano. O objetivo da prática budista consiste em fazer essas funções do Buda ocultas na vida se evidenciarem e, dessa forma, a felicidade absoluta é conquistada. Porém, para que essa força seja evidenciada em meio à realidade da existência, é necessário um trabalho concreto de transformação. Em outras palavras, para manifestar a condição do estado de Buda, são necessárias contínuas ações centradas no bom-senso. Essas ações correspondem à “prática”.
Há dois aspectos na “prática”: a individual, ou para si próprio; e a altruística, voltada para os outros. Assim como as rodas de um carro, a falta de qualquer um desses dois aspectos não conduz a uma prática completa.
A “prática individual” refere-se ao exercício budista visando à conquista dos benefícios da Lei para si mesmo. E a “prática altruística” corresponde à ação de ensinar o Budismo às outras pessoas para elas obterem benefícios.
Num de seus escritos, Nitiren Daishonin afirma: “Entretanto, agora entramos nos Últimos Dias da Lei e o Daimoku que eu, Nitiren, recito é diferente daquele das eras anteriores. Esse Nam-myoho-rengue-kyo inclui tanto a prática individual como a altruística” (WND, v. 2, p. 986).
Assim, a prática correta do Budismo Nitiren consiste nas práticas individual e altruís­tica, ou da recitação do Daimoku com fé no Gohonzon e do ato de ensinar sobre seus benefícios às outras pessoas, recomendando-lhes à prática budista.
De forma concreta, a “prática individual” é composta pela recitação do Gongyo e do Daimoku; e a “prática altruística”, pela propagação dos ensinos, isto é, pela concretização do Chakubuku. As diversas atividades da SGI em prol do Kossen-rufu também são exercícios que correspondem à “prática altruística”.

Gongyo e propagação dos ensinos: práticas para a transformação da vida

Uma das ações para a transformação da vida é a prática do Gongyo, que consiste na recitação de trechos dos capítulos Hoben e Juryo do Sutra de Lótus e do Daimoku diante do Gohonzon.
Sobre os benefícios da prática do Gongyo, Nitikan Shonin afirmou: “Quando abraçamos a fé neste Gohonzon e recitamos o Nam-myoho-rengue-kyo, nossa vida se torna imediatamente o objeto de devoção do itinen sanzen, o próprio Daishonin”. Essa frase indica que a prática do Gongyo diante do Gohonzon faz surgir a mesma força e sabedoria de Nitiren Daishonin na vida das pessoas.
Num de seus escritos, Daishonin faz uma analogia da prática do Gongyo ao ato de polir o espelho: “Isso se assemelha a um espelho embaçado que brilhará como uma joia quando for polido. A mente que se encontra encoberta pela ilusão da escuridão inata da vida é como um espelho embaçado, mas, quando for polida, é certo que se tornará como um espelho límpido, refletindo a natureza essencial dos fenômenos e da realidade. Manifeste profunda fé polindo seu espelho dia e noite. Como deve poli-lo? Não há outra forma senão devotar-se à recitação do Nam-myoho-rengue-kyo” (END, v. 1, p. 4).
Nessa analogia, o espelho é o mesmo, antes e depois de ser polido, não havendo substituição do objeto. Porém, sua função e utilidade se transformam completamente. Da mesma forma, a prática do Gongyo não fará que nos tornemos outra pessoa. Todavia, purificaremos a essência da nossa vida, fazendo-a se transformar radicalmente.
Em relação à “propagação dos ensinos”, Nitiren Daishonin cita no escrito “O Verdadeiro Aspecto de Todos os Fenômenos”: “Deve não somente perseverar em sua fé, mas também ensinar aos outros. Tanto a prática como o estudo surgem da fé. Ensine aos outros com o melhor de sua habilidade, mesmo que seja uma única sentença ou frase” (END, v. 5, p. 256). E, na “Carta a Jakuniti-bo”, Nitiren Daishonin afirma: “Portanto, os que se tornam discípulos e seguidores leigos de Nitiren devem compreender a
profunda relação cármica que compartilham com ele e propagar o Sutra de Lótus exatamente como ele faz” (WND, v. 1, p. 994).
Por essa razão, o importante é apresentar mesmo uma única frase sobre o Budismo aos amigos, visando à felicidade individual e à das outras pessoas. Agindo dessa forma, é possível aprofundarmos ainda mais a prática da fé, bem como nos tornarmos verdadeiros discípulos de Nitiren Daishonin, manifestando a elevada condição de vida do Buda e de Bodhisattva que se empenha pela iluminação de todas as pessoas.
O Gongyo e os esforços para propagar os ensinos tornam-se a grande força para a transformação da própria vida. A prática altruística é também uma ação que corresponde à missão e ao comportamento do Buda, conforme Nitiren Daishonin afirma na seguinte passagem: “A pessoa que recita mesmo uma única frase do Sutra de Lótus e a ensina a outra pessoa é a emissária do Buda Sakyamuni, o lorde dos ensinos” (END, v. 5, p. 98).

3. Estudo

O “estudo” refere-se ao estudo dos ensinos budistas, buscando o correto aprendizado de seus princípios, tendo como base a leitura, de forma respeitosa, do Gosho deixado por Nitiren Daishonin. Com o correto aprendizado dos princípios budistas, é possível aprofundar ainda mais a fé, assim como desenvolver uma verdadeira prática. Sem o estudo do Budismo, corre-se o risco de fazer interpretações com base no próprio pensamento ou ser enganados por pessoas que expõem ensinos errôneos.
Como todos sabem, a base do estudo do Budismo é a fé. Nitiren Daishonin esclarece: “Tanto a prática como o estudo surgem da fé” (END, v. 5, p. 256). O segundo presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda, também costumava dizer: “A fé busca a razão e a razão aprofunda a fé”. Portanto, o objetivo do estudo e da compreensão do Budismo é aprofundar a fé.
Nitiren Daishonin conclama a todos que leiam repetidas vezes seus escritos, como percebe-se na seguinte frase: “Deixe meu mensageiro ler esta carta uma vez e mais uma vez” (As Escrituras de Nitiren Daishonin, v. IV, p. 287).
Para seus discípulos que lhe perguntavam sobre os princípios do Budismo, ele sempre os elogiava por manifestarem o espírito de procura.
Nikko Shonin também recomenda o estudo do Budismo em seus “Vinte e Seis Artigos de Advertência”, quando afirma: “Gravando o Gosho profundamente em sua vida” (Gosho Zenshu, p. 1618) e “Aqueles de aprendizado insuficiente, que buscam somente a fama e a fortuna, não se enquadram como seguidores desta correnteza” (Gosho Zenshu, p. 1618).

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