sábado, 27 de agosto de 2011

História da BSGI - ADMISSÃO E 1 º GRAU


História da BSGI: as quatro visitas do presidente Ikeda ao Brasil

Edição 515 - Publicado em 16/Julho/2011 - Página 84

Reunião de fundação do distrito Brasil, realizada em 1960

O presidente Ikeda e a comitiva durante sua primeira visita ao Brasil

O presidente Ikeda cumprimenta membros da BSGI em sua segunda visita ao Brasil em 1966

Visita ao teatro Municipal de São Paulo

Participantes do festival cultural de 1974

Presidente Ikeda no ensaio geral do festival de 1984

Caminhando pelo Centro Cultural Campestre da BSGI em 1993

Entrega de título de sócio correspondente da Academia Brasileira de Letras

Primeira visita

O presidente Ikeda desembarcou no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, por volta da 1 hora da madrugada do dia 19 de outubro de 1960. Essa data foi denominada mais tarde como “Dia da BSGI”.
Ele havia tomado posse como terceiro presidente da Soka Gakkai cinco meses antes, em 3 de maio, e empreendeu sua primeira viagem para fora do Japão partindo de Tóquio em 2 de outubro — data esta conhecida atual­mente como “Dia da Paz Mundial”.
Nessa viagem, que durou 24 dias, o presidente Ikeda visitou as cidades norte-americanas de Honolulu, São Francisco, Seattle, Chicago, Nova York, Washington e Los Angeles, além de São Paulo (Brasil) e Toronto (Canadá).
A exaustiva viagem e os intensos esforços para desbravar os primeiros passos do Kossen-rufu Mundial debilitaram o corpo do jovem líder que, desde a juventude, sofria com problemas de saúde. Em Nova York, os líderes o aconselharam a cancelar a viagem ao Brasil.
Diante dessa preocupação, o presidente Ikeda disse: “Contudo, eu irei. Existem companheiros que estão me aguardando. Jamais cancelaria a viagem sabendo que eles estão me esperando. O senhor sabe perfeitamente que o maior objetivo desta viagem é 
a visita ao Brasil. Chegamos até aqui exatamente para isso. Não podemos desistir na metade do caminho. Houve alguma vez em que o presidente Toda recuou em meio a uma luta?! Eu sou discípulo do presidente Toda! Eu vou. Vou sem falta, custe o que 
custar! Se tiver de tombar, então tombarei em combate! Que desventura pode haver nisso?!” (NRH, v. 1, p. 178)
Com essa determinação, e mesmo ciente do risco que poderia enfrentar, o presidente Ikeda desembarcou em São Paulo.
No dia 20, diante de cerca de 150 pessoas reunidas no salão do restaurante Chá Flora, no bairro da Liberdade, Capital, ele anunciou a fundação do primeiro distrito fora do Japão, o Distrito Brasil, composto pelas comunidades São Paulo, Arujá e Campinas.
Nessa ocasião, o presidente Ikeda disse: “O Brasil tornou-se pioneiro do Kossen-rufu Mundial. Aqui existe um potencial ilimitado para o futuro. Como desbravadores da paz e da felicidade, solicito aos senhores que abram em meu lugar o caminho do Kossen-rufu do Brasil. Por favor, conto com os senhores” (NRH, v. 1, p. 199).
No jantar realizado com os recém-nomeados dirigentes do Distrito Brasil, ele recomendou: “A partir de agora, o Kossen-rufu do Brasil vai alcançar um grande avanço. É importante que os senhores, como dirigentes, em vez de pensar em se tornar flores e frutos, tenham a decisão de se tornar o próprio solo do Brasil para o bem dos companheiros que os sucederão. Ao mesmo tempo, transmitam a todos quão maravilhoso é viver junto com a Soka Gakkai e em prol do Kossen-rufu. (...) Outro ponto importante é a decisão dos senhores de jamais se afastarem da Soka Gakkai, aconteça o que acontecer. Uma vez que se encontram na posição de orientar os membros, se abandonarem a prática da fé, traindo os companheiros, esse ato se constituirá numa falta muito grave. Além disso, chegará a época em que a Soka Gakkai terá de enfrentar várias formas de opressão. Haverá também, com toda a certeza, movimentos que tentarão conturbar a união harmoniosa da Soka Gakkai. Mas é justamente polindo-nos por meio dessas provações que nos tornamos verdadeiros budistas e alcançamos um glorioso curso de vida” (NRH, v. 1, p. 203-204).
No dia seguinte, 21 de outubro, o presidente Ikeda seguiu viagem para Los Angeles, Estados Unidos, retornando a Tóquio no dia 25. Durante as poucas horas que passou em São Paulo, ele plantou a semente do espírito da unicidade de mestre e discípulo no coração de algumas dezenas de membros daquela época e os incentivou a iniciar o movimento de propagação do Budismo Nitiren em terras brasileiras.

Segunda visita

Em pouco mais de cinco anos, desde a fundação, a BSGI alcançou grande resultado na propagação do Budismo promovida por aquelas 150 pessoas que se reuniram no restaurante Chá Flora.
No início de 1965, o número de membros girava em torno de 2.500 famílias. Essa quantidade cresceu para 5.600 em agosto, e, no fim do ano, chegou a 6.800 famílias. Nos dois primeiros meses de 1966 foram realizadas mais 1.200 conversões, totalizando oito mil famílias.
Em sua segunda visita ao Brasil, o presidente Ikeda desembarcou no Rio de Janeiro em 10 de março de 1966, acompanhado de sua esposa, Kaneko. No Rio, havia, nessa época, 166 famílias que compunham três comunidades e dez blocos.
Desde 1964, o Brasil vivia sob regime militar. Assim, os cinco dias da segunda visita do presidente Ikeda transcorreram sob constante vigilância policial em consequência de informações distorcidas sobre a Soka Gakkai.
O Departamento de Ordem Política e Social — poderosa polícia política da época — rotulou a Soka Gakkai como uma organização política com fachada de instituição religiosa. Com base na suspeita de que o objetivo da visita do presidente Ikeda era o de fundar um partido político no Brasil, seus passos foram vigiados pelos agentes policiais.
Na manhã do dia seguinte da chegada ao Rio, o presidente Ikeda foi procurado por um jornalista que publicara um artigo difamatório sobre a Soka Gakkai. Na entrevista, ele esclareceu: “A religião existe para proporcionar felicidade às pessoas, para construir um mundo de paz e também para criar uma sociedade cada vez melhor. Esses propósitos fazem parte da missão original que deve ser cumprida pelas religiões. Assim, uma religião que fecha seus olhos e permanece indiferente diante dos sofrimentos das pessoas e dos problemas sociais deve ser qualificada como uma religião morta. No caso do Budismo, cuja essência está embasada no Sutra de Lótus, ele expõe o caminho da benevolência e ensina que todas as pessoas são dotadas da natureza de Buda, revelando a suprema igualdade e o respeito absoluto à dignidade da vida. A Soka Gakkai, por sua vez, tem como objetivo contribuir para a paz e a felicidade das pessoas, aplicando os princípios filosóficos do Budismo nos diversos campos da atividade humana, tais como a arte, a cultura e a educação. Com base nesse pensamento, elegemos nossos membros para atuar também no campo da política” (NRH, v. 11, p. 16).
O jornalista perguntou-lhe se a Soka Gakkai pretendia criar um partido político no Brasil. A resposta foi clara: “No caso de assuntos relacionados com a crença no Budismo, posso prestar meus conselhos e fazer minhas recomendações. Porém, a questão de como tratar e agir no campo da política deve ser analisada e definida pelos membros de cada país. É um assunto que não devo interferir nem ditar alguma instrução. Antes de tudo, sou japonês e penso que não devo me intrometer nesse assunto.
Pessoalmente, penso que não há nenhuma necessidade de criar um partido político seja no Brasil, seja em qualquer outro país” (NRH, v. 11, p. 17).
Depois de algum tempo, esse jornalista publicou uma matéria esclarecendo que não havia nenhum fundamento no alarde criado em torno da Soka Gakkai, rotulando-a de organização fascista. A entrevista concedida pelo presidente Ikeda foi reportada corretamente e os objetivos da Soka Gakkai foram descritos sem distorção.
Além da entrevista e de se encontrar com membros pioneiros, o presidente Ikeda subiu ao Morro do Corcovado de onde conheceu a Baía de Guanabara, o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor.
Dois eventos foram o ponto alto da sua segunda visita ao Brasil: o “Festival Cultural da América do Sul”, realizado no dia 13 de março, no Teatro Municipal de São Paulo, com a participação de 1.700 figurantes de várias localidades do Brasil; e o encontro 
com cinco mil membros no Ginásio de Esportes do Pacaembu, também na capital paulista. Esses eventos ocorreram sob a vigilância de centenas de policiais.
Todo o empenho dos membros dessa época resultou na inauguração da sede própria da BSGI em São Paulo (atual Sede Social da Divisão Feminina da BSGI) cujo imóvel foi adquirido pessoalmente pelo presidente Ikeda durante sua segunda visita ao país. A Organização, que era um distrito, passou a ser composta por três distritos gerais (atual regional ou área) e sete distritos.

Visita cancelada

Em 1974, o presidente Ikeda planejou uma viagem aos Estados Unidos e ao Brasil. A BSGI programou, então, a realização de um festival cultural em São Paulo para recebê-lo. Todos os membros o aguardavam com expectativa. Queriam mostrar suas conquistas e reparar o constrangimento da última visita que ocorrera sob rigorosa vigilância policial.
O festival estava programado para os dias 16 e 17 de março, no Palácio das Convenções do Anhembi. Porém, a emissão do visto de entrada ao país foi negada: o governo brasileiro estava temeroso em função de uma denúncia anônima de que havia um indivíduo perigoso na comitiva.
Dias antes do festival, o presidente Ikeda disse ao telefone: “Embora eu não possa viajar desta vez, em outra oportunidade, vou sem falta, para incentivar os companheiros do Brasil” (NRH, v. 11, p. 58). A tristeza e a indignação de todos se tornariam a força propulsora para mudar a história.
No dia 16, pouco antes do início do festival, os figurantes foram avisados do adiamento da visita. O que se seguiu foi um silêncio acompanhado de soluços. Mesmo assim, o festival foi realizado de forma magnífica. No grande final, em uníssono, todos entoaram a canção “Juntos com Sensei”, num brado para comprovar a justiça e trazê-lo ao Brasil.
Figurantes e espectadores cantaram olhando fixamente para a cadeira vazia no centro da primeira fila do mezanino. Era o lugar que seria ocupado pelo presidente Ikeda. Havia ali apenas um ramalhete que lhe seria entregue como boas-vindas. Embora ele não estivesse no local, com forte sentimento, todos viam, nitidamente, o rosto radiante do presidente Ikeda acenando em direção a eles.
Durante o período seguinte, os membros brasileiros redobraram os esforços nas atividades para que a BSGI fosse reconhecida como uma organização digna de respeito.
Os jovens, não permitindo que aquela situação se repetisse, decidiram divulgar amplamente os ideais Soka à sociedade. A partir de então, muitos festivais e atividades culturais dos mais variados tipos foram promovidos. A BSGI participou de diversos eventos sociais. Dessa forma, a Organização cresceu e o rigoroso inverno chegava ao fim.

Terceira visita

Foram dezoito anos de espera, mas, em 19 de fevereiro de 1984, o presidente Ikeda desembarcou em São Paulo, em sua terceira visita ao Brasil.
Durante os onze dias de permanência em solo brasileiro, ele viajou para Brasília, onde manteve audiências com o presidente da República, com os ministros da Casa Civil, da Educação e Cultura e das Relações Exteriores, e também visitou e doou livros 
para a Universidade de Brasília. Nos intervalos desses compromissos, encontrou-se com os membros e os incentivou calorosamente.
No dia 25 de fevereiro, o presidente Ikeda surpreendeu com sua repentina presença os milhares de figurantes e integrantes da Organização que se encontravam no Ginásio de Esportes do Ibirapuera, em São Paulo.
Quando ele surgiu no ginásio e começou a dar a volta na pista olhando para os membros que lotavam as arquibancadas, uma forte ovação e um turbilhão de vozes estremeceram o local. Todos aguardavam por esse grande momento.
Depois de percorrer o Ginásio com os braços erguidos, ele pegou o microfone e externou seu profundo sentimento aos membros do Brasil: “Sinto-me muito feliz por estar aqui junto com todos os senhores. Foram dezoito anos de longa espera, mas 
finalmente pude reencontrar-me com os senhores, que são sublimes mensageiros do Buda. Este grandioso festival cultural ficará, sem dúvida alguma, gravado eternamente na história do Kossen-rufu do Brasil. Até chegar este momento, quanto avanço e 
quanta devoção não houve da parte dos senhores e quão belos laços de solidariedade não se formaram entre todos! Neste momento, meu sentimento é o de abraçar cada um dos senhores, apertar a mão de cada um e louvar com lágrimas nos olhos e 
profunda gratidão o nobre empenho de todos. A Lei Mística é a fonte inesgotável da criatividade cultural que construirá o novo século. Declaro com toda a determinação que este é o caminho absoluto para edificar um mundo de verdadeira paz e 
felicidade” (NRH, v. 11, p. 73-74).
Em coro, os figurantes e os espectadores cantaram com altivo orgulho “Saudação a Sensei”. Essa canção encorajou os companheiros do Brasil nos momentos mais difíceis, incentivando-os a desafiar os próprios limites. Foi a canção que criou a forte 
solidariedade e o companheirismo entre os valorosos membros de todos os recantos das terras brasileiras.
A partir de então, a BSGI avançou na vanguarda do movimento pelo Kossen-rufu em direção ao século 21, surpreendendo o mundo com seu resplandecente desenvolvimento tal como o Sol que se ergue imponente e destemido lançando raios dourados pelo 
céu.

Quarta visita

O presidente Ikeda desembarcou no dia 9 de fevereiro de 1993 no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, onde foi recebido por inúmeras personalidades, entre elas o então presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Austregésilo de Athayde.
Além de manter inesquecíveis encontros com os membros, o presidente Ikeda foi acolhido como sócio correspondente da ABL e homenageado com o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Na sequência, viajou para Buenos Aires (Argentina), Assunção (Paraguai) e Santiago (Chile), retornou a São Paulo e permaneceu no Centro Cultural Campestre da BSGI.
O governo paulista homenageou-o com a Medalha dos Bandeirantes, com o título de “Educador Emérito da Escola Pública do Estado de São Paulo” e de “Professor Visitante Honorário” da Universidade de São Paulo.
No Paraná, o presidente Ikeda foi homenageado com a “Ordem do Pinheiro” pelo governo do Estado, com os títulos de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Paraná e de Cidadão Honorário de Londrina.
No Centro Cultural Campestre, ele participou da Convenção Sul-Americana da SGI, da 16ª Convenção da SGI e de vários outros eventos.
Durante os memoráveis dias em que esteve em terras brasileiras, o presidente Ikeda vivenciou o grande avanço da BSGI desde a sua primeira visita em 1960.
Ao longo de 2010, a BSGI comemorou seu cinquentenário em diversas atividades, entre as quais a Convenção Comemorativa do “Brasil Monarca do Mundo”, realizada de forma inédita na cidade de Manaus, Amazonas, orgulhando-se em manter a relação de mestre e discípulo como fonte primordial de seu crescimento desde a fundação.

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