sábado, 27 de agosto de 2011

Movimento Renascença - ADMISSÃO E 1 º GRAU


Movimento Renascença: a problemática do clero e as heresias da seita Nikken

Edição 515 - Publicado em 16/Julho/2011 - Página 92

O presidente Ikeda apresenta a caligrafia “justiça”, que expressa seu sentimento quando renunciou à presidência da Soka Gakkai em 1979

O que é o clero da Nitiren Shoshu?

A Soka Gakkai foi fundada em 18 de novembro de 1930 por Tsunessaburo Makiguti e Jossei Toda. Por ser inicialmente uma instituição de pesquisa do Sistema Educacional de Criação de Valores desenvolvido por Makiguti, foi composta por educadores e professores e chamada Soka Kyoiku Gakkai (Sociedade Educacional de Criação de Valores).
Pelo fato de Makiguti e Toda praticarem o Budismo Nitiren desde 1928, a Soka Kyoiku Gakkai foi se transformando gradativamente numa organização de praticantes leigos do Budismo. Assim, seu nome foi mudado para Soka Gakkai (Sociedade de Criação de Valores), em março de 1946.
Nessa época, entre as instituições religiosas que professavam o Budismo Nitiren, a Nitiren Shoshu era a única que seguia a doutrina herdada por Nikko Shonin, considerado o legítimo sucessor de Nitiren Daishonin. Com sede no Taissekiji (Templo Principal), a Nitiren Shoshu era ainda uma pequena entidade religiosa composta por clérigos cujos adeptos formavam uma espécie de paróquia em torno de templos locais e recebiam orientação de seus priores. Contudo, a Soka Gakkai posicionou-se como instituição independente da Nitiren Shoshu, mantendo, porém, vínculos correlatos. A Organização permaneceu como entidade leiga autônoma e seus membros receberam orientação sobre a prática do Budismo de seus líderes sem ficar subordinados à classe dos clérigos.
A Soka Gakkai assumiu essa posição porque Makiguti via com olhos críticos a situação do clero da Nitiren Shoshu que havia se afastado do espírito de Nitiren Daishonin, tornando-se mera entidade religiosa, tal como outras seitas budistas que se ocupavam apenas de formalidades religiosas, como funerais e cerimônias em memória dos falecidos. Por essa decadência que se observou ao longo de muitos anos, as seitas budistas em geral foram chamadas pela população de “religião de funeral” pelo fato de os bonzos cobrarem donativos exorbitantes.
Além disso, os clérigos da Nitiren Shoshu não tinham consciência de que o Budismo Nitiren expunha os princípios fundamentais que poderiam mudar o destino das pessoas e da sociedade nem se esforçavam em propagá-lo visando ao Kossen-rufu. Em virtude desse declínio, agravado com a disputa interna de poder entre os clérigos, a doutrina de Nitiren Daishonin, herdada por Nikko Shonin, estava sendo desviada dos seus reais propósitos. Diante desse cenário, a Soka Gakkai recuperou a legitimidade do Budismo Nitiren como religião viva que conduz as pessoas à felicidade e promove a paz social.
A diferença de convicção religiosa entre a Soka Gakkai e o clero tornou-se evidente em 1943 quando o governo militar japonês impôs o xintoísmo (religião nativa do Japão) à população como religião oficial, por meio da aceitação do talismã xintoísta. O 
clero da Nitiren Shoshu, temendo ser alvo de represálias do governo, convocou Makiguti e Toda — na época, presidente e diretor-geral da Soka Gakkai, respectivamente — para convencê-los a aceitar o talismã xintoísta.
Entretanto, os dois mantiveram o espírito de Nitiren Daishonin de jamais ser condescendente com a heresia e rejeitaram energicamente essa imposição. Eles lutaram também contra a ordem do governo de manter o controle de pensamento e convicção religiosa em defesa da liberdade de crença.
Em meio a essa circunstância, o clero orientou os adeptos a seguir o xintoísmo, proibiu a publicação de Os Escritos de Nitiren Daishonin, che­gando inclusive a cometer o terrível ato de eliminar frases dos escritos que pudessem ofender o governo xintoísta.
Além disso, apoiou ativamente os atos de guerra, instigando os adeptos a orar pela vitória nas frentes de batalha. Esses fatos deixaram evidente a inexistência do espírito de Nitiren Daishonin no clero da Nitiren Shoshu.
No dia 6 de julho de 1943, Makiguti, Toda e mais 21 líderes da Soka Gakkai foram detidos. Somente Makiguti e Toda se mantiveram firmes às suas convicções, enquanto os demais abandonaram a fé. Makiguti morreu na prisão em 18 de novembro de 1944 e 
Toda foi libertado, pouco antes do término da Segunda Guerra Mundial, em 3 de julho de 1945.
Toda levantou-se sozinho para reconstruir a Organização. Empenhou-se também em proteger o clero na esperança de estabelecer a harmonia entre clérigos e leigos. Em 1952, quando a Soka Gakkai já estava com uma estrutura mais forte, Toda organizou peregrinações ao Templo Principal para que os membros pudessem apoiar o clero a solucionar a situação financeira caótica em que se encontrava e elaborou também o projeto de construção de templos locais.
Após a posse do jovem Daisaku Ikeda como terceiro presidente da Soka Gakkai em 3 de maio de 1960, a proteção ao clero tornou-se ainda mais acentuada. Com o apoio de todos os membros da Organização, o presidente Ikeda promoveu a construção do Daikyakuden e do Sho-Hondo (ambos destruídos mais tarde pelo sumo prelado Nikken) nas áreas do Templo Principal, além de erguer mais de 350 templos locais.
Essa história repleta de desafios e triunfos foi construída sob a liderança dos três primeiros presidentes da Soka Gakkai, considerados como eternos mestres do Kossen-rufu: Tsunessaburo Makiguti, Jossei Toda e Daisaku Ikeda.

A problemática do clero

Desde a fundação, a Soka Gakkai veio apoiando e protegendo o clero da Nitiren Shoshu. Entretanto, em razão da natureza autoritária dos clérigos, ocorreram atritos com a Soka Gakkai. Tal situação foi ultrapassada com a iniciativa da Organização de manter a harmonia entre clérigos e adeptos.
No fim da década de 1970, um grupo de clérigos chegou a promover ataques insensatos à Soka Gakkai tentando persuadir os membros a se afastar da Organização e a se tornar adeptos diretos dos templos (Danto). Como nas ocasiões anteriores, a situação foi resolvida mediante a sincera e honesta conduta da Soka Gakkai.
Entretanto, em dezembro de 1990, o clero da Nitiren Shoshu, sob a liderança do sumo prelado Nikken, investiu repentinamente contra a Soka Gakkai, atacando-a com infundadas críticas e difamações. O clero punha em ação um plano arquitetado por Nikken para destruir a Organização e usurpar seus membros. Essa estratégia ficou conhecida como “Plano C” (a letra “c” é a inicial da palavra cut — cortar, em inglês — indicando o ato de “cortar a Soka Gakkai”).
Assim, sem qualquer justificativa, o clero destituiu o presidente Ikeda e os líderes da Soka Gakkai da função de coordenadores da Hokkeko (Associação de Leigos da Nitiren Shoshu). A direção do clero recusou todos os pedidos dos líderes da Organização de manter o diálogo sobre a problemática numa tentativa de encontrar soluções. Chegou ao extremo de excomungar os membros da Soka Gakkai, negando-lhes a concessão do Gohonzon, em novembro de 1991.
Em 1993, a Soka Gakkai adotou o Gohonzon transcrito por Nitikan Shonin, promovendo a concessão do objeto de devoção aos membros do mundo inteiro. Ela se tornou uma instituição independente do clero em todos os aspectos e assinalou um grande avanço como organização promotora do Kossen-rufu, diretamente ligada a Nitiren Daishonin.
A heresia do clero e a retidão da Soka Gakkai tornaram-se evidentes passados poucos anos do início da problemática. Enquanto a Soka Gakkai se expandiu de 115 países, em 1990, para 192 países, em 2008, o clero seguiu por uma trilha de vertiginosa decadência.
Alegando problemas de saúde, em dezembro de 2005, Nikken afastou-se da mais alta posição do clero, transferindo o posto de sumo prelado para Nitinyo. Entretanto, a correnteza do clero foi definitivamente manchada pelas ações maléficas de Nikken, transformando-se numa seita herética totalmente contrária ao Budismo Nitiren. Por essa razão, ela foi denominada seita Nikken.

As heresias da seita Nikken

1. Ameaça de destruição do Kossen-rufu
Em novembro de 1991, o clero enviou uma ordem de excomunhão à Soka Gakkai. Em tal notificação não foi mencionada nenhuma evidência do ponto de vista da doutrina e muito menos citações do Gosho de Nitiren Daishonin. As únicas alegações eram de caráter autoritário e ressentimentos da falta de submissão da Soka Gakkai à autoridade do clero.
Conforme os ditos dourados de Nitiren Daishonin, a realização do Kossen-rufu é o verdadeiro testamento do Buda Original. A Soka Gakkai vem se empenhando desde a fundação na promoção concreta do Chakubuku ou da propagação do Budismo Nitiren, hoje, em âmbito internacional, por intermédio da SGI. Portanto, as ações do clero, visando à destruição da Organização, representam a gravíssima heresia da tentativa de destruição do próprio Kossen-rufu. Em outras palavras, são calúnias da maior gravidade, pois se opõem ao nobre espírito do Buda Original Nitiren Daishonin em prol da felicidade de toda a humanidade.
2. Absolutismo do sumo prelado
A adoração incondicional ao sumo prelado é o único ponto em que a seita Nikken se sustenta na tentativa de frear sua vertiginosa decadência diante da frustrada perseguição à SGI e a seus membros. Esse absolutismo do sumo prelado é claramente uma heresia aos ensinos do Buda Nitiren Daishonin. Essa ideia absurda, de que o sumo prelado é absoluto, não consta em nenhum escrito de Nitiren Daishonin nem nas diretrizes deixadas pelo seu sucessor, Nik­ko Shonin. Pelo contrário, Nikko Shonin refuta o absolutismo do sumo prelado nos seus “Vinte e Seis Artigos de Advertência”, afirmando: “Mesmo que o sumo prelado em exercício dite normas que se oponham ao Budismo, ninguém deve adotá-las em absoluto”.
3. Distorção do conceito de herança do sangue vital
A seita Nikken alterou arbitrariamente a concepção sobre a herança do sangue vital (transmissão da doutrina budista), transformando-a numa crença mistificada de que a simples sucessão ao posto de sumo prelado faz do novo ocupante um indivíduo dotado plenamente da iluminação do Buda e dos “ensinos secretamente transmitidos” no ato da sucessão. Tal ideia é totalmente distorcida e nada tem a ver com o conceito de herança do sangue vital exposto por Nitiren Daishonin e Nikko Shonin.
No escrito “A Herança da Suprema Lei da Vida” consta: “Eu, Nitiren, tenho me dedicado a despertar todas as pessoas do Japão para a fé no Sutra de Lótus de modo que elas também compartilhem essa herança e atinjam o estado de Buda” (END, v. 3, p. 177). Sendo assim, o sangue vital dos ensinos de Nitiren Daishonin é herdado pelas pessoas que têm fé no Budismo. Não é monopólio de determinado indivíduo.
No mesmo escrito consta: “Sem a herança da fé, mesmo o ato de abraçar o Sutra de Lótus será inútil” (END, v. 3, p. 179). Essa frase expõe claramente que a transmissão da herança do sangue vital ocorre somente quando é mantida a genuína fé nos ensinos de Nitiren Daishonin, e não da forma mistificada que estabelece como condição a detenção do poder exercido pelo sumo prelado. Portanto, o fato de se opor aos ensinos de Nitiren Daishonin, como no caso da seita Nikken, leva a uma prática sem o sangue vital da fé, razão pela qual não surgem benefícios, mesmo abraçando o Gohonzon.
4. Abuso em cerimônias religiosas
Uma das grandes calúnias cometidas pela seita Nikken, por distorcer o ensino de Nitiren Daishonin, refere-se ao abuso em cerimônias religiosas, tais como as de funeral, utilizadas como instrumento de arrecadação de dinheiro. O clero alega, por exemplo, que a presença de sacerdotes em funerais é obrigatória para que o falecido atinja a iluminação, pois somente eles estão capacitados a conceder essa condição. Alega ainda que a cerimônia de falecimento sem a presença de um sacerdote conduz o falecido ao inferno. Trata-se de um abuso da posição de religioso e uma forma de tirar proveito das famílias enlutadas num momento de tristeza.
Nos escritos de Nitiren Daishonin consta: “Por ter recitado o Nam-myoho-rengue-kyo em vida, seu saudoso pai é uma pessoa que atingiu o estado de Buda na presente forma” (WND, v. 1, p. 1064). Assim, Nitiren Daishonin enfatiza que a iluminação das pessoas depende unicamente da prática da fé e das ações realizadas em vida. Não é algo definido pelo indivíduo que celebra o funeral.
Portanto, afirmar que a presença de sacerdotes em funerais é obrigatória para que o falecido atinja a iluminação constitui grande heresia, um ato que distorce totalmente o Budismo Nitiren.
Durante toda a vida, Nitiren Daishonin não conduziu nenhum funeral de seus discípulos, não deu nomes póstumos (kaimyo), nem escreveu ripas em memória aos falecidos (toba). Todos esses ritos foram criados posteriormente pelos clérigos como fonte de renda.
5. Discriminação entre clérigos e leigos
A seita Nikken criou também o princípio de “mestre e discípulo entre clérigos e leigos”, ou seja, pôs os sacerdotes numa posição superior como mestre; e os leigos, na condição inferior de discípulos. Também determinou que os leigos deveriam obedecer cegamente aos clérigos. Esta é uma forma de discriminação entre praticantes do Budismo. Além disso, o princípio de mestre e discípulo exposto no Budismo não é uma relação que se estabelece por uma simples diferença de posição. Nitiren Daishonin e 
Nikko Shonin jamais mencionaram conceitos rígidos do tipo “o sacerdote é o mestre; o leigo, o discípulo”. Pelo contrário, nos escritos de Nitiren Daishonin consta: “O Buda considera, seguramente, qualquer um neste mundo que abraça o Sutra de Lótus, seja homem, seja mulher; seja monge, seja freira, como o senhor de todos os seres vivos” (As Escrituras de Nitiren Daishonin, v. V, p. 189).
Assim, Nitiren Daishonin afirma categoricamente a igualdade entre clérigos e leigos. Portanto, a introdução da discriminação entre os praticantes é um ato que contraria o espírito do Budismo Nitiren.
6. Degeneração religiosa
Nitiren Daishonin definiu o caminho dos sacerdotes com as seguintes palavras: “O verdadeiro sacerdote é aquele que mantém pura honestidade, rara cobiça e sábio sustento” (Gosho Zenshu, p. 1056). Entretanto, o comportamento de Nikken e dos bonzos de sua seita tem contrariado totalmente os ensinos do Buda Nitiren Daishonin. A vida de ostentação que Nik­ken levava em suas frequentes visitas a hotéis de alto luxo e a águas termais é notória. Comportamentos semelhantes eram apresentados por grande número de bonzos da seita Nikken, tornando-a um grupo de “aproveitadores” do Budismo que nada tem a ver com o real espírito ensinado por Nitiren Daishonin.
Com rigor, Nitiren Daishonin repreende esses maus sacerdotes, referindo-se a eles como “animais vestidos de mantos clericais” (END, v. 1, p. 385) e “espíritos famintos devoradores da Lei” (END, v. 3, p. 107).

Conclusão

Em relação aos “inimigos do Sutra de Lótus” e aos “inimigos do Buda”, Nitiren Daishonin ensina em diversas passagens sobre a atitude de denunciá-los veementemente, como na seguinte frase: “Por maiores que sejam as boas causas que as pessoas realizem, ou por mais que leiam e copiem o Sutra de Lótus inteiro mil ou dez mil vezes, ou atinjam o Caminho da compreensão dos três mil mundos num único momento da vida, se falham em denunciar os inimigos do Sutra de Lótus, será impossível atingirem o Caminho” (END, v. 1, p. 198). Nitiren Daishonin afirma que, sem a atitude de combater os inimigos do Sutra de Lótus, não há como atingir a iluminação.
O combate às ações que tentam destruir o Budismo é, sem dúvida, a maior das responsabilidades de um verdadeiro praticante budista. Ignorar essas maldades, sem combatê-las, torna-se, ao final, uma atitude caluniosa, conivente com a destruição do Budismo. Além disso, uma luta contra as maldades é em si uma prática para se elevar a condição de vida rumo à própria felicidade absoluta.
Em síntese, devemos nos empenhar cada vez mais em prol da propagação mundial do Budismo, enquanto combatemos com firmeza as maldades da seita Nikken. 

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